Cerca de 3,5 milhões de pessoas estão matriculadas em cursos superiores no foramto EaD no Brasil, segundo associação do setor Foto: Álvaro Henrique/Secretaria de Educação do DF |
A Associação Brasileira de Educação a Distância (ABED) levanta preocupações em relação à possibilidade de mudanças no Ensino a Distância (EaD) que poderiam excluir milhões de estudantes do acesso ao ensino superior. A proposta do Conselho Nacional de Educação (CNE), apoiada pelo Ministério da Educação (MEC), de tornar obrigatória uma parcela significativa de aulas presenciais em cursos de licenciatura e Pedagogia, pode impactar drasticamente a educação no país.
Risco de Exclusão de Milhões
A ABED alerta que cerca de 1,6 milhão de estudantes matriculados em cursos de licenciatura estão em risco de exclusão se a mudança for implementada. Atualmente, mais de 3,5 milhões de brasileiros estão cursando o ensino superior de forma remota, e uma imposição de aulas presenciais pode dificultar ou até mesmo impossibilitar o acesso desses estudantes à educação superior.
Argumentos em Favor da Mudança
O MEC justifica a proposta como uma necessidade de aprimoramento da qualidade do ensino, especialmente após o crescimento acelerado dos cursos EaD durante a pandemia de Covid-19. Segundo o ministério, muitos desses cursos foram oferecidos sem critérios adequados de qualidade, refletindo-se em baixas notas de avaliação.
Preocupações com a Qualidade
Dados do Ministério da Educação revelam que apenas uma pequena parcela dos cursos EaD obteve notas altas de avaliação. Apenas 450 dos cursos avaliados alcançaram notas 4 ou 5 no Conceito Preliminar de Curso (CPC), o que representa aproximadamente 26,6% do total. Isso levanta questionamentos sobre a qualidade do ensino oferecido nessa modalidade.
Opinião da ABED e Presidente
O presidente da ABED, João Mattar, expressa preocupação com os impactos da medida, afirmando que a imposição de aulas presenciais pode resultar em exclusão de estudantes e comprometer a formação de professores no país. Ele destaca a importância da educação a distância e argumenta que a modalidade tem sido subestimada devido a preconceitos e desconhecimento de seu papel no cenário educacional brasileiro.
Evolução do EaD na Formação de Professores
Um estudo do "Todos pela Educação" revela que seis em cada dez formandos de cursos de licenciatura estudaram à distância. A modalidade EaD na formação de professores mais que dobrou entre 2012 e 2022, representando uma tendência significativa. No entanto, dados recentes mostram quedas no desempenho dos estudantes de cursos EaD em áreas como Artes Visuais, Ciências Biológicas, Educação Física, entre outras.
Desempenho dos Cursos de Licenciatura
Uma análise baseada nos dados do Enade 2021 aponta que houve um aumento de cursos de licenciatura no país, com 271 desses cursos obtendo nota máxima no exame. No entanto, a proporção de cursos com notas altas foi maior na modalidade presencial em comparação com a EaD.
Impacto nas Universidades Públicas
A proposta também coloca em risco a existência de instituições como a Universidade Virtual do Estado de São Paulo (Univesp). Com mais de 65 mil alunos e 427 polos em todo o estado, a Univesp poderia enfrentar dificuldades para manter seus cursos, especialmente em licenciaturas como Matemática, Letras e Pedagogia.
A discussão em torno da obrigatoriedade de aulas presenciais em cursos EaD levanta questões cruciais sobre acesso à educação, qualidade do ensino e papel da modalidade no cenário educacional brasileiro. Enquanto o MEC busca aprimorar a qualidade do ensino superior, é necessário considerar cuidadosamente os impactos que essa medida pode ter na inclusão e na democratização do acesso à educação. A busca por um equilíbrio entre inovação educacional e qualidade é essencial para garantir um futuro promissor para todos os estudantes brasileiros.
Fonte: CNN BRASIL
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