Virou Notícias Publicamos Aqui!

LightBlog

Mostrando postagens com marcador comparável. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador comparável. Mostrar todas as postagens

30 de setembro de 2024

30.9.24

Quem melhor descatastrofizador se tornar, menos catastrófica a vida terá!

 

Alt text

Resumo da leitura

A catastrofização é um dos jeitos tortos de analisar cenários, dos mais comuns até.

Misturando os ditados “tempestade num copo d’água” e “copo meio cheio ou meio vazio”, catastrofizar pode ser comparável a fazer “tempestade em copo meio vazio.”

Consiste em ignorar a maior parte de itens de uma questão e já projetar o Apocalipse. Armagedon total, um desespero só. Para piorar a situação, um sentimento de impotência, bem vitimista, por se sentir incapaz de enfrentar, de agir.

Então, descatastrofizar é preciso.

Como fazer? Sentiu desespero de um mundo acabando, algumas perguntinhas básicas:

O que de pior pode me acontecer?

Quais chances reais desse pior acontecer?

Se acontecer, que forças eu tenho, como eu posso enfrentar?

E assim outros questionamentos, caso queira, como abaixo.

Quem melhor descatastrofizador se tornar, menos catastrófica a vida terá!

Muitos que vivem ansiosos não se dão conta de que podem ter mais bem-estar se identificarem melhor o modo como interpretam cada situação do seu dia-a-dia.

Esse texto é um convite a refletir sobre o modo de ver. Com todo respeito aos fatos, vamos conversar sobre o modo de enxergá-los.

Catastrofizar é desprezar a análise global de uma situação e fixar o pensamento apenas na expectativa de que irá acontecer o pior desfecho possível, vendo-se sem capacidade de reagir!

É algo como: “vai acontecer uma verdadeira catástrofe e eu não conseguirei impedi-la, menos ainda suportá-la!” Por interpretar uma ameaça como fatal, começo a desconfiar das minhas habilidades e meu corpo mobiliza toda energia para cuidar dessa “emergência”, assim interpretada.

Fantasiosamente, é como se eu me visse (me “visse” e não “fosse” ou”estivesse”), pequenino e sem armas, abaixo de um enorme e furioso dragão.

Como efeito imediato, eu vislumbrar o pior cenário e me sentir incapaz de lidar com ele gera mais um problema ainda, além do principal. Ou seja, quando eu catastrofizo, gero um bloqueio que me faz gastar mais tempo e energia, além de dificultar a busca de solução para a situação que deveria de fato estar sendo tratada. Catastrofizar, então, é uma péssima estratégia, pois me impõe um passo a mais, desnecessário e prejudicial, antes de começar a agir.

Considerando que a catastrofização é um padrão de pensamento (é distorcido, mas é cognitivo), é fácil de entender que ela tende a se repetir. Há o risco de que se torne quase um estilo de vida: recebo uma notícia, penso automatica e depois obsessivamente no pior cenário e acredito piamente nele como única opção, desprezando boas alternativas e desmerecendo as minhas habilidades. Catastrofizo, pois, e, por conseguinte, fico ansioso, dificulto minha vida, gasto mais energia do que o necessário, mantenho elevados meus níveis de estresse, o que resultará para mim em mais doenças do corpo e da mente, dificuldades de relacionamento, etc. Péssimo negócio, não é mesmo? Sim, é preciso intervir consciente nesse movimento.

Parodiando o trava-línguas dos “mafagafos” no título desse artigo, a ideia é fazer algumas reflexões para acostumar a mente a fazer leituras mais realistas e menos catastróficas dos acontecimentos ou da previsão deles. E, é claro, lembrar que eu tenho forças (e quais) para enfrentar as dificuldades que a vida pode me trazer. Em outras palavras, para melhorar meu bem-estar, uma das estratégias possíveis pode ser “descatastrofizar”, reduzir a ameaça do pior cenário acerca de um determinado assunto/situação.

Vamos lá?!:

Quais são exatamente meus pensamentos e minhas emoções a respeito dessa situação? O que eu penso sobre esse fato? O que eu sinto sobre o que eu pensei?

Qual é o pior cenário possível neste caso? O que de pior pode me acontecer? Verbalizar ou escrever a catástrofe, indicando em escala de zero a dez qual é o tamanho dessa expectativa, desse “dragão”.

Por que esse fato temido é tão aterrorizante assim?

Quais são as provas de que esse meu modo de acreditar e de pensar está coerente com a realidade? E quais evidências deixam claro que essa ideia ruim não é a única possível? (Enfrente essa pergunta com sinceridade, sem vitimismo). Qual é outra possibilidade de algum desfecho mais favorável ou menos trágico acontecer?

O que eu diria a um grande amigo que estivesse passando pela mesma situação? Eu reforçaria o cenário apocalíptico que ele me traz?

Quais vantagens de eu continuar pensando de um jeito tão pesado? E quais desvantagens?

Será que a minha interpretação não pode ser um pouco diferente? Será que não pode ser menos exagerada, talvez?

O assunto em questão está na minha zona de controle ou estou tentando controlar o incontrolável? Qual aspecto desse caso é realmente controlável por mim e que ação eu vou de fato executar a respeito? Se não for possível agir, por que estou gastando tanta energia nisso?

E se o pior acontecer mesmo: eu irei sobreviver a isso? Ou será que a tal “catástrofe vai acontecer e meu mundo automaticamente acabará, sem chance alguma de defesa”? Hã?! Menos, não é?!

Ou, refletindo de outra forma: se o viés mais catastrófico de fato acontecer, o que poderei fazer? Quais habilidades estou esquecendo que tenho e que, sim, poderei usar para lidar com essa situação hipotetizada? Se acontecer mesmo, a quais pessoas pedirei para me apoiar? Quais seriam meus planos alternativos? Que oportunidades podem existir onde hoje eu só estou enxergando ameaças?

Mais ainda: se essa expectativa horrível se concretizar do jeito que eu pensei, como eu estarei depois de um mês? E depois de um ano?

Já me aconteceu de fato algo terrível? O que foi? Como foi? Como eu superei isso? Quais forças eu usei? Eu poderia me lembrar disso e usar minhas forças e habilidades novamente? No sentido figurado, “que armas eu vou usar nessa guerra”, ou “com que roupa eu vou”?

E agora, após refletir como acima, conseguir ver de modo mais realista e relembrar minhas forças para o enfrentamento necessário, numa escala de zero a dez, minha ansiedade diminuiu? Minha vontade de agir para resolver o problema aumentou?

A catastrofização é um modo de pensar danoso e muito comum, mas, como se vê, é possível lidar com ela. É preciso, sim, aprender a identificá-la e se questionar usando os padrões acima ou outros. Treine, teste, descubra o seu jeito. É o que vai funcionar melhor!

Enfim, ela é apenas um dos tipos de “distorções cognitivas” ou “viéses de pensamento” ou “pensamentos distorcidos” classificados pela TCC – Terapia Cognitivo-comportamental. Veja mais distorções no e-book gratuito “Pequenos Pensamentos, Grandes Distorções”, no link: https://psicologopascoalzani.com.br/ebooks-gratuitos/ 


Obs.: Essa reflexão não substitui o processo de psicoterapia.

Psicólogo Pascoal Zani
CRP 08/04471

#ansiedade #catástrofe #catastrofização #pensamento distorcido #estresse